quinta-feira, 31 de maio de 2012

MAPA CONCEITUAL SANDRA


ATIVIDADE SANDRA



Piscina

Era uma esplêndida residência, na Lagoa Rodrigo de Freitas, cercada de jardins e tendo ao lado uma bela piscina. Pena que a favela, com seus barracos grotescos se alastrando pela encosta do morro, comprometesse tanto a paisagem.
Diariamente desfilavam diante do portão aquelas mulheres silenciosas e magras, lata d´água na cabeça. De vez em quando, surgia sobre a grade a carinha de uma criança, olhos grandes e atentos, espiando o jardim. Outras vezes eram as próprias mulheres que se detinham e ficavam olhando.
Naquela manhã de sábado, ele tomava seu gim-tônica no terraço, e a mulher um banho de sol, estirada de maiô à beira da piscina, quando perceberam que alguém os observava pelo portão entreaberto.
Era um ser encardido, cujos molambos em forma de saia não bastavam para defini-la como mulher. Segurava uma lata na mão, e estava parada, à espreita, silenciosa como um bicho. Por um instante as duas se olharam, separadas pela piscina.
De súbito, pareceu à dona da casa que a estranha criatura se esgueirava, portão adentro, sem tirar dela os olhos. Ergueu-se um pouco, apoiando-se no cotovelo, e viu com terror que ela se aproximava lentamente: já transpusera o gramado, atingia a piscina, agachava-se junto à borda de azulejos, sempre a olhá-la em desafio, e agora colhia água com a lata. Depois, sem uma palavra, iniciou uma cautelosa retirada, meio de lado, equilibrando a lata na cabeça – e em pouco tempo sumia-se pelo portão.
Lá no terraço, o marido, fascinado, assistiu a toda a cena. Não durou mais de um ou dois minutos, mas lhe pareceu sinistra como os instantes tensos de silêncio e de paz que antecedem um combate.
Não teve dúvida: na semana seguinte vendeu a casa.


quinta-feira, 24 de maio de 2012

O QUE É CORDEL


Na Literatura de Cordel, cada poeta tem a sua especialidade. É a instrução do povo pobre. Um fenômeno cultural, campeão de venda entre os que não sabem ler porque o enredo prende mais que a leitura.



Sai a explicação do mundo. Poeta de plantão, pra contar desde o princípio: "Há milhões de anos atrás realmente nada existia. Antes de tudo ser feito força cósmica já existia. Pra criar todo universo que era de forma vazia", lê Poeta Cristóvão, cordelista.

É a vida no pregador do varal.

"Literatura de cordel aqui, tudo de corda aqui, dependurado, tá vendo?", mostra Poeta.

Cada poeta com a sua especialidade.

"É cordel científico, regional e biografia", classifica.

Instrução do povo pobre. Conhecimento desvendado.

"É as coisas que ninguém vê mesmo. E o artista mostra e o povo aprende. Decora", explica Poeta.

Um improvável fenômeno cultural: campeão de venda entre os que não sabem ler.

"Noventa por cento era analfabeto. Então, quando tinha um que sabia ler ele se via aos trote, com o povo com o folheto na casa dele pra ele ler", lembra J.Borges, cordelista e gravador.

É que o enredo prende mais que a leitura.

"Aquela história de amor, de luta, e um cabra valente vencer 35, 40, 200, 300. Porque o sucesso do cordel é a mentira, rapaz. Sabendo mentir, vende bem", revela o cordelista.

Jota Borges levou o mundo do cordel para o entalhe. Virou gravador famoso com os personagens da literatura popular.

"Os outros cordelistas me encomendavam um cangaceiro, um santo, um vaqueiro, um pé de árvore, um passarinho, tudo de acordo com a história, mandava ilustrar, eu ilustrava e dava certo", conta.

História de cordel é assim: está sempre reservada uma redenção.

"E pedi licença a ela para tirar o chapéu e escrever a chegada da prostituta no céu", declama J.Borges.

Mas a interpretação da vida na arte popular do Nordeste vai além do seu significado regional porque quanto mais fala de si e das pessoas em volta, mais o artista se aproxima o folclore da linguagem universal.

Ex-sacristão, o pintor e escultor Zé do Carmo se perguntava se tudo que é anjo nasce na Europa.

"Eu via nas igrejas os anjos com cara de italiano, com cara bonita", conta.

Mas nos sonhos dele anjo era diferente: "Tem forma de luz. Os anjos de Deus são luzes."

E se anjo é luz, tem a cara que a gente quiser.

"Meus anjos são nordestinos, com cara de gente!"

Quando o Papa veio ao Brasil, Zé fez um anjo cangaceiro. A igreja proibiu o presente. O argumento?

"Que o papa não ia aceitar um anjo cheio de bala e cartucheira. E que os anjos de Deus não tinha essa cara", conta Zé do Carmo.

Se o Papa quiser, o presente esta aí, guardado no atelier. Porque Zé tem certeza: não pode ser pecado o que nos aproxima de Deus. Ali se opera o milagre nordestino: da pobreza tirar o alumbramento da cor, da forma, da palavra.



Na Literatura de Cordel, cada poeta tem a sua especialidade. É a instrução do povo pobre. Um fenômeno cultural, campeão de venda entre os que não sabem ler porque o enredo prende mais que a leitura.



Sai a explicação do mundo. Poeta de plantão, pra contar desde o princípio: "Há milhões de anos atrás realmente nada existia. Antes de tudo ser feito força cósmica já existia. Pra criar todo universo que era de forma vazia", lê Poeta Cristóvão, cordelista.

É a vida no pregador do varal.

"Literatura de cordel aqui, tudo de corda aqui, dependurado, tá vendo?", mostra Poeta.

Cada poeta com a sua especialidade.

"É cordel científico, regional e biografia", classifica.

Instrução do povo pobre. Conhecimento desvendado.

"É as coisas que ninguém vê mesmo. E o artista mostra e o povo aprende. Decora", explica Poeta.

Um improvável fenômeno cultural: campeão de venda entre os que não sabem ler.

"Noventa por cento era analfabeto. Então, quando tinha um que sabia ler ele se via aos trote, com o povo com o folheto na casa dele pra ele ler", lembra J.Borges, cordelista e gravador.

É que o enredo prende mais que a leitura.

"Aquela história de amor, de luta, e um cabra valente vencer 35, 40, 200, 300. Porque o sucesso do cordel é a mentira, rapaz. Sabendo mentir, vende bem", revela o cordelista.

Jota Borges levou o mundo do cordel para o entalhe. Virou gravador famoso com os personagens da literatura popular.

"Os outros cordelistas me encomendavam um cangaceiro, um santo, um vaqueiro, um pé de árvore, um passarinho, tudo de acordo com a história, mandava ilustrar, eu ilustrava e dava certo", conta.

História de cordel é assim: está sempre reservada uma redenção.

"E pedi licença a ela para tirar o chapéu e escrever a chegada da prostituta no céu", declama J.Borges.

Mas a interpretação da vida na arte popular do Nordeste vai além do seu significado regional porque quanto mais fala de si e das pessoas em volta, mais o artista se aproxima o folclore da linguagem universal.

Ex-sacristão, o pintor e escultor Zé do Carmo se perguntava se tudo que é anjo nasce na Europa.

"Eu via nas igrejas os anjos com cara de italiano, com cara bonita", conta.

Mas nos sonhos dele anjo era diferente: "Tem forma de luz. Os anjos de Deus são luzes."

E se anjo é luz, tem a cara que a gente quiser.

"Meus anjos são nordestinos, com cara de gente!"

Quando o Papa veio ao Brasil, Zé fez um anjo cangaceiro. A igreja proibiu o presente. O argumento?

"Que o papa não ia aceitar um anjo cheio de bala e cartucheira. E que os anjos de Deus não tinha essa cara", conta Zé do Carmo.

Se o Papa quiser, o presente esta aí, guardado no atelier. Porque Zé tem certeza: não pode ser pecado o que nos aproxima de Deus. Ali se opera o milagre nordestino: da pobreza tirar o alumbramento da cor, da forma, da palavra.

Aluna: Marindia Feliciano dos Santos

MAPA CONCEITUAL-MARINDIA

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

VOLTA AS AULAS DIA 13/02/2012 "SEJAM BEM VINDOS!"

A escola dos meus sonhos

Osvino Toillier


A escola dos meus sonhos não é nenhuma entidade imaginária, abstrata, idealizada, mas existe na real, é profundamente humana, onde acontece o milagre diário de reverência à vida, de descoberta da beleza adormecida em cada ser humano e encanto da aprendizagem.
A escola dos meus sonhos é aquela que eu freqüentei nos idos da graça dos anos cinqüenta e onde comecei a lecionar e tive a honra de ser diretor. O ser humano estava em primeiro lugar, e isto gerava respeito recíproco entre professor e aluno, com a definição clara de que toda a atividade estava embasada nos valores fundamentais da humanidade.

 
A escola dos meus sonhos ainda existe, porque pessoas apaixonadas ainda se empenham pela utopia de preservar o espaço escolar como lugar de viver as mais belas experiências de vida, fazendo de cada aula momento de magia e paixão pelo aprender e ensinar.

 
A escola dos meus sonhos se concretiza toda vez que o brilho do olho do professor reflete a paixão pelo que faz, e supera a mais avançada tecnologia de que se possa dispor, porque vai se alojar na memória do coração do aluno, e lá fica para sempre como sinal de amor sublime entre ensinante e aprendente.

A escola dos meus sonhos é aquela em que a aula não acaba quando se vai para casa, porque as lições da professora se alojam no coração da criança, e o seu exemplo acaba sendo referência para toda a vida.

 
A escola dos meus sonhos é aquela aonde se quer voltar no dia seguinte, porque lá se tem espaço para viver plenamente todas as emoções da vida, em companhia dos colegas, todos desejosos de aprender e crescer, não numa disputa desenfreada de vencer o outro, mas superar os próprios limites.

A escola dos meus sonhos é possível, desde que não nos tornemos reféns de rankings e que o estudo seja resultado natural da curiosidade e paixão pelo aprender.